terça-feira, 10 de junho de 2014

Pagina 13 O Poder do Pensamento

          Ali estava eu... sentada... inconsolada... chorando copiosamente! Não sabia definitivamente o que estava acontecendo comigo. Em minha mente vinha forte a palavra padalá, padalá... tinha medo que soubessem desses meus devaneios e me sacrificassem. Eu, naquele momento, não tinha chão, não tinha nada. Minhas mãos pingavam as lagrimas que desciam sem parar, meus soluços reverberavam por aquelas arvores velhas e por aqueles galhos...
         "Levante-se! Erga sua cabeça e enfrente seu problema de frente!!!" Disse me uma voz firme em minha cabeça. Eu nem me assustei, nem titubeei, apenas respondi em voz chorosa.
         - Como me levantar? Todos vão me olhar com aquele olhar...
         "Deves ser mais forte do isso filha, tens que vencer essa etapa para conhecer te a ti mesmo..."
         - Eu não consigo... NÃO CONSIGO!!!!!
         "O medo filha, és algo que estás em sua mente... sejas mais forte... enfrente-o!"
         - Como enfrentar isso? - Perguntei erguendo minha cabeça e olhando para o nada - Se eu mesma não entendo o que está acontecendo? Voltei a chorar...
         "Por que choras filha?" Perguntou-me uma outra voz em minha mente, dessa vez mais suave e amorosa. Aquela altura eu já não distinguia o que era físico ou etérico.
         - Tenho medo...
         "Medo? Mas de quê filha?"
         - Sou uma padalá... UMA PADALÁ!!! VOCÊS ENTENDEM O QUE É ISSO!? - Urrei mirando pra qualquer lugar.
         "E não são os padalas filhos de Deus também? Não tem eles seus direitos? Filha... não existe ninguém louco nesse mundo, existe pessoas que enxergam realidades diferentes de outras... tudo é questão de sintonização..."
         Parei para pensar. Apoiei meu rosto nas mãos, movi meus olhos inchados de uma pedra a outra, e voltei a chorar.
         - Você não entente!!! NINGUÉM ME ENTENDE!!!
         "Enquanto continuar agindo assim só atrairá mais desgraça para perto de você filha..."
         -Palavras... palavras... elas não salvam ninguém... - a essas horas eu estava emocionalmente descontrolada, irredutível  - é muito bonito ouvir palavras que fortalecem nosso coração, mas elas se vão, se perdem... como um beju na boca que some deixando apenas o sabor e a lembrança.
         "Seus pensamentos são o reflexo do que vós quer que seja atraído para vós filha... - dizia a voz paciente e amorosa - "ninguém nunca lhe disse que seria fácil, nunca é fácil para quem foi escolhido filha... por esse motivo estás em observação,  para que aprenda a lidar com o que lhe está acontecendo."
         - COMO EU POSSO LIDAR COM ISSO!!? - Explodi me contendo em seguida. - Todos riem de mim, todos torcem o nariz pra mim, ninguém vem ter comigo, eu sou uma miserável, nem meus pais querem saber o que eu faço, ou o que eu penso... se tu es tão sábio assim, me diga... ONDE ESTÁ MINHA MÃE E MEU PAI? ONDE ESTÁ ALGUÉM QUE POSSA OU QUEIRA ME OUVIR OU ME AJUDAR!!!
        "Filha, as lágrimas que descem de vosso rosto são gotas necessárias para umedecer o chão seco de vossas próprias atitudes. Nesse mundo que vives os testes são constantes, para que cresça e aprenda a ser mais forte e gentil... como queres conhecer os segredos dos céus se o seu maior tesouro que és o seu coração se encontra escuro e seguro em uma caixa intransponível?"
         - Não sei do que está falando... não entendo direito o que isso quer dizer... sou uma miserável, isso sim!
        "Filha, nunca mais afirme aquilo que não queres que nasça sob seus pés! Semeie apenas coisas boas, vibre e pense apenas coisas boas para que o seu chão se torne fértil e a sua colheita segura e farta..."
        - Por favor... me deixe ficar só... - disse eu pondo as mãos em meu rosto desconsoladamente - eu preciso pensar um pouco... não está sendo nada fácil para mim...
        "Percebes o quanto se apega no problema e esquece-te da solução? - disse a voz acentuando seu timbre grave e aveludado - Mas sim filha, este é o teu momento, saberei respeitar..."
        Naquele momento me senti pior que quando cheguei. Senti um vazio tomando de conta de mim como um véu faminto a devorar todas as coisas. Chorei... chorei por horas a fim até que adormeci. Naquele momento tudo pareceu mais calmo, pois novamente, assim que encerrei os olhos de meu corpo abri os olhos da alma e vi com bastante nitidez um mundo que desconhecia, que era novo, e que estranhamente me abraçava ao peito.
          Eu estava em pé sobre uma colina verde esmeralda, o céu tinha uma coloração mais acentuada da que costumeiramente veia, não havia nuvens ou sol, mas sua luminosidade estranhamente não deixava sombra alguma, mesmo sob as arvores que remontavam aquelas colinas. Caminhei muito lentamente, aquele mundo verde, por mais lindo que fosse, não me trazia a paz de espirito que precisava. Caminhei até uma arvore próxima e me recostei. Não tinha forças mais para chorar, apenas encostei meu corpo no tronco e fitei o horizonte sem expectativa alguma. Fiquei ali por um tempo que não soube contar, apenas fitando e me recompondo. Aos poucos fui sentindo minhas forças voltando, meu ânimo renascendo... abracei minhas pernas e encostei meu queixo nos joelhos...
          - Onde eu será que estou? Pensei furtivamente.
          "Estais em seus pensamentos filha..." Respondeu-me uma voz feminina. Eu assustei erguendo minha cabeça... eu olhei para todas as direções:
         - Quem está ai? - Perguntei tentando ouvir a resposta - Danra? É você?
         "Sim filha, - disse a voz segura e límpida - sou eu... - Ela surgiu por de trás de mim.
         Eu a olhei admirada, pois estava linda, divina, reluzente!
         - MÃE!!!
         Saltei do chão e voei abraçando-a. Tinha tanta saudade em meus braços que chegava a tremer, eu voltei a chorar, só que dessa vez não de tristeza, e sim de felicidade... aquela felicidade que você chora sem motivo, apenas chora...
         "Não me chamou filha? E aqui eu estou..."
         - Mas como? Como soube? Quem te falou? Perguntava ansiosa e feliz.
         "Filha, - disse a Danra acariciando meus cabelos - quando entenderes as maravilhas do poder de teus pensamentos tudo poderás ter, tudo poderás entender..."
         - Vocês falam de um jeito que eu não entendendo... é complicado sabia?
         "Sim filha, - disse me ela dando um pequeno beijo em minha cabeça - o seu presente foi o meu passado, e eu superei, e tenho total confiança de que também entenderá, tens apenas que ter paciência...
         Parei para pensar... as palavras da Danra minha mãe eram muito parecidas com as palavras que eu ouvira da voz misteriosa...
         - Mas... mas o que eu tenho que fazer então? Perguntei erguendo minha cabeça e a encarando. Notei então seu olhar gentil e piedoso que acariciava meu coração dando-me uma vontade incrível de fazer diferente.
         " Tens que ter paciencia e acreditar no que estas recebendo. - Ela parou e fitou-me nos olhos, parecia olhar inteiramente meu ser, inteiramente meus medos... - Volte agora para teu corpo e revista-te de confiança, logo as tentativas de despertar de Yakecan se cessarão, e só restará aquelas que estiverem despertas conscientemente em ambos os planos do pensamento: O consciente e o subconsciente..."
        Parei para refletir suas palavras, por uns segundos senti uma nova chama se ascender em mim, uma nova esperança germinar no solo seco que eu cultivava... senti medo... medo de fracassar, pois conhecia minha personalidade, sabia que não seria fácil...
       Consenti com a cabeça e senti tudo revirá, e sem que percebesse fechei os olhos da alma e abri os olhos de meu corpo físico. Tudo estava vivo e belo, notei os cantos dos pássaros mais nítidos e o farfalhar das arvores mais harmoniosos. Eu me sentia mais preparada, mais firme. Levantei-me, sacudi minhas vestes e segui... confiante!























       

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