O motivo de meu pai não ter dormido em casa me deixou muito preocupada, a Danra minha mãe permaneceu em silêncio mais da metade do dia, por mais que eu tentasse ela não falava. Isso é uma coisa que eu realmente não gosto... Esse silêncio todo que envolve as Danras da aldeia, tenho certeza que alguma coisa está acontecendo, eu sinto isso, não sou besta! E pra piorar, Ceci simplesmente somiu...
Hoje está tendo uma grande movimentação na tribo, tive a sensação de que vi alguns índios Sateré transitando por aqui, isso não é bom, sempre mantivemos distância deles não por serem perigosos, mas por serem extremamente espirituais... Estive pensando e acabei ligando os pontos, papai sumiu assim que foi chamado ao encontro do pajé, e a agora esses índios Sateré transitando por aqui... Muito estranho.
Segui caminhando sem rumo pela aldeia, definitivamente não gosto de ter um dia assim, já basta o que tive ontem. Até a Danra minha mãe me deixou em paz hoje, vou aproveitar pra ver os homens da tribo...
Perguntei pra Açuã onde estava indo, Açuã é um índio de postura nobre, sua linhagem é nobre, ele é filho do cacique arco de fogo, o Nhandeara amigo de papai, então é bem provável que ele saiba o que esteja acontecendo.
- Tempos difíceis se aproximam Natasha, - disse ele com certa ansiedade - os grandes da tribo estão em reunião desde ontem, não deu tempo de perguntar pro meu pai ele também saiu ontem assim que chegou...
- O meu também... - Respondi decepcionada. Mas o que você acha que é?
quando ia responder, Açuã foi chamado por um outro índio. Açuã parecia já esperar esse chamado e foi sem nem dar o luxo de me responder, fique possessa! Vi que os dois de juntaram a outros índios de mesma idade, aquilo atiçou minha curiosidade, o que estavam falando? Tinha que descobrir... Me escondi atrás de umas das ocas e fixei minha atenção neles... Por mais que tentasse não conseguia ouvir com nitidez, lembro apenas da palavra Zuruahá... O que seria isso? Voltei por um momento para dentro de mim mesma para tentar lembrar o que isso significava, se lembrava o que isso significava, pois essa palavra não me é estranha... Não achei a resposta. Olhei pra frente e vi Ceci passando, senti um choque n no peito, meu corpo me fez dar um passo pra ir até ela, mas eu mesma bloqueei, depois procuro ela... O que seria Zuruahá? Tinha que descobrir...
Açuã e os outros seguiram sumindo na mata fechada, aproveitei pra tentar descobrir o que seria isso é não foi difícil descobrir por onde começar... Vou perguntar a Ceci, ela deve saber de algo. Ceci estava conversando com Moara,. Cheguei sorrateira por trás de Moara, Ceci se assustou, Moara nem se mexeu.
- Onde você estava? - Perguntou- me Ceci com seu jeito meigo.
- Eu é que te pergunto isso! - Respondi com a minha ignorância habitual. - Te procurei ontem o dia todo... - Olhei de canto de olho pra Moara e disse - venha, tenho que te fazer uma pergunta...
Saímos tentando ficar o mais distante possível. Dentro da aldeia existe um local que é estritamente para os velhos índios, e foi pra lá que levei Ceci, é um lugar perfeito pra conversar sem sermos interrompidas, é como uma praça, com troncos espalhados e algumas árvores cópulosas para dar bastante sombra. Sentamos!
- O que é Zuruahá? - Perguntei logo de cara, Ceci me encarou sem entender.
- O que?
- O que é Zuruahá?
- Zuruahá é um veneno... - Disse una voz.
Olhei pra trás e vi um índio velho sentado em um dos troncos. Seu olhar foi o que mais me marcou: um olhar secular, numa tonalidade que nunca vira antes. Um velho pajé com um semblante altivo, roupas tão antigas quanto às primeiras árvores a nascerem nesse planeta, seus cabelos longos e brancos tocavam -lhe a cintura de uma forma tão suave quanto a brisa matinal.
- Desculpas senhor...- falei meio incomodada pela sutileza do velho índio. -Não os vimos aí antes.
- Sou o Águia Dourada, o Kananciuê... Perdoe - me não ter me mostrado antes.
- Nunca tinha o visto por aqui...
- Não queria saber sobre o veneno Zuruahá? - Desconversou o velho índio.
- Veneno? - Pensei lembrando da feição de Açuã.
- Zuruahá é um veneno raro extraído de sapos e ervas perigosas, não se deve pruduzir ao menos que se esteja em tempos difíceis. - Kananciuê parou fixando o olhar profundo nas pequenas índias, passou de uma a outra ficando alguns segundo em Ceci, elas não perceberam, mas o velho índio espremeu um pouco os olhos olhando no interior de Ceci.
- Não se metam com isso, as coisas logo se resolverão. Pequenas por favor foquem suas atenções para dentro de vocês, em breve precisaremos do que vocês teem para dar. - Essa última frase falou fixando em Ceci. Natasha percebeu e a encarou, Ceci a olhou também, quando por fim voltaram ao velho índio o mesmo havia desaparecido. Fiquei sem entender... Novamente aquela pontada em meu peito me fez tremer. Alguma coisa estava prestes a acontecer...
A alguns anos encontrei uma criatura meio mítica. Uma índia. Até hoje eu não sei qual a sua idade, mas seu olhar secular camufla em sua pele de menina muita experiencia. Eu resolvi nomeá-la de Natasha, não sei o por que, mas foi o primeiro nome que me veio a cabeça assim que ela me deu seu nome. Esse diário será escrito aos poucos, com narrativa da própria pessoa ajudada por mim no intuito de se fazer mais fácil de entender. Espero que gostem e acompanhem... M. Lob
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